terça-feira, 20 de novembro de 2007

Vestibuloto

- E aí cara, vamos fazer uma fezinha?
- Legal, na quina ou na loto?
- Na Unicamp!

Este diálogo pode tornar-se real em um futuro próximo, caso o projeto de lei do senador Sibá Machado (PT-AC) entre em vigor.
O senador acreano diz existirem falhas no atual modelo de seleção desde sua implementação, em 1968. Em seu projeto, Machado cita quatro desvantagens dos vestibulares:
A primeira seria avaliar o candidato em ponto episódico, desconsiderando seu desempenho médio durante sua vida escolar, privilegiando assim aqueles que deixaram para estudar apenas para passar nas provas seletivas.
A segunda falha reside, segundo o senador, no fato de as universidades dificultarem, frequentemente, suas provas; isso exigiria um preparo maior e “deslocado dos objetivos da educação básica e do ensino médio”, além de criar demanda para os cursinhos preparatórios, que se tornaram verdadeiras indústrias.
Em terceiro lugar, Machado trata o vestibular como instrumento de agravo à desigualdade social, uma vez que jovens em melhores situações financeiras têm mais condições de se prepararem.
Por fim, o mais grave dos problemas, listados pelo senador, é a “maratona” a que o candidato submete-se para enfrentar o vestibular. As provas causariam nos vestibulando um trauma psicológico, devido à pressão dos estudos e à frustração de um resultado negativo, que induz o jovem ao “uso de drogas e ingresso na criminalidade”.
Na prática, os alunos deveriam ser avaliados em todos os anos do ensino médio, o que poderia ser feito através do Enem, e seriam definidos em aptos e não aptos, dentro de uma lista nacional. Então, o aluno considerado apto deveria inscrever-se no curso e na instituição de sua preferência, depois passaria por um sorteio entre candidatos à mesma vaga. Se sorteado, ganharia a tão sonhada vaga.
Para aprovar seu projeto, Sibá Machado acredita que terá grande apoio da classe média, que vê em sua proposta uma chance de se ver livre dos gastos com curso pré-vestibular, acredita o senador.
A proposta é absurda, e não sana o problema de falta de vagas (problema este muito comentado por Machado), mas nunca se sabe o que pode vir do congresso. Talvez a lei seja aprovada e, então, tenhamos um novo tipo de segregação social: os sortudos X os pé-frio.

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